1) Introdução:
Hoje, sabemos que não é mais concebível planejar e
definir com antecedência o que deve ser aprendido na escola e quais habilidades
e competências devem ser desenvolvidas sem direcionar esse planejamento para o processo
de rápidas transformações nas formas de relacionar-se, que estamos vivendo
nesse começo de século, com os grandes avanços nos meios de comunicação e da
Informática.
Quando falamos em Educação, é necessário apontarmos
as necessidades que esse “novo mundo” exige, para que oportunizemos às
novas gerações metodologias educacionais que ajudem o aluno a aprender e a
desenvolver novos talentos, despertando-o para uma visão construtivista onde
ele possa descobrir a beleza existente em aprender com autonomia,
interatividade e contextualização, aventurando-se no saber e no aprender a
Matemática e demais disciplinas dentro desse novo contexto, utilizando as novas
tecnologias.
“Desde a invenção do primeiro computador eletrônico
programável, o Eniac (Eletronical Numerical Integrator and Computer), em 1946,
a história da computação registra a ênfase na resolução de problemas, apoiada
em fundamentos lógicos.
A tecnologia sempre afetou o homem: das primeiras
ferramentas, por vezes consideradas como extensões do corpo, à máquina a vapor,
que mudou hábitos e instituições, ao computador que trouxe novas e profundas
mudanças sociais e culturais – a tecnologia nos ajuda, nos completa, nos
amplia...” (Froés, 1998)
“Qual o espaço da Informática na luta para a
transformação da sociedade e da Educação?” (Almeida e Almeida, 1998)
O desafio diante do qual os educadores ora se
encontram é o de definir o espaço e a competência do uso do computador para
realizar e construir projetos interdisciplinares de trabalho.
A integração do computador ao processo educacional
depende da atuação em conjunto: Escola – Aluno – Comunidade.
“Enfrentar essa nova realidade significa ter como
perspectiva cidadãos abertos e conscientes, que saibam tomar decisões e
trabalhar em equipe. Cidadãos que capacidade de aprender a aprender e de
utilizar a tecnologia para a busca, a seleção, a análise e a articulação entre
informações e, dessa forma, construir e reconstruir continuamente os conhecimentos,
utilizando-se de todos os meios disponíveis, em especial dos recursos do
computador.
Pessoas que atuem em sua realidade tendo em vista a
construção de uma sociedade mais humana e menos
desigual.
Para isso não basta modernizar o sistema
educacional nem apenas adotar novos programas, métodos e estratégias de ensino
– é preciso compreender-lhes a transitoriedade. E mais: é preciso organização
política e competência.” (Almeida e Almeida, 1998)
2) Justificativa:
A Lei nº 9394/96 de Diretrizes e Bases da Educação
Brasileira abre caminhos para inovações. Não obriga nem garante, mas facilita
as práticas inovadoras dos educadores mais preocupados com o alto nível de
descolamento entre os currículos e a realidade dos alunos, os problemas de
nosso país, do mundo e da própria existência.
Inúmeros experimentos de inovações no ensino básico
vêm sendo feitos em todo o país e em todos os níveis de ensino. Se tivéssemos
uma “supervisão” de tudo o que acontece em nosso enorme país, poderíamos ver
milhares de professores que, em meio às dificuldades de seu trabalho, conseguem
inovar dia a dia. Despertam a curiosidade, mobilizam as energias dos jovens,
trazem sorrisos de descobertas, despertam nos alunos o desejo de aprender e de
participar da construção do próprio conhecimento. Eles são os seres mágicos que
sabem transformar grades em “libertações curriculares.
É sobre essa possibilidade riquíssima de fazer
mudanças na educação, que este projeto vai propor. Mudanças simples, do tamanho
de nossas possibilidades. Mudanças que para serem efetivas não precisam de
grandes esforços nem causam muito barulho. Elas precisam de gente corajosa,
disposta a defender suas idéias, criativa para estudar soluções, para buscar
parcerias. Gente que pretende ter mais prazer no trabalho, mais envolvimento
com o seu fazer e que certamente obterá mais qualidade nos resultados.
A informática aplicada à educação tem funcionado
como instrumento para a inovação. Por se tratar de uma ferramenta poderosa e
muito valorizada pela sociedade, facilita a criação de propostas que ganham
logo a atenção de professores, coordenadores, diretores, pais e alunos.
Certamente há muito a ser feito com o uso do
computador na educação, assim como também há muitas situações em que sua
utilização não trará rápidas melhorias. Mas há algo ainda mais importante: o
computador costuma mexer com as pessoas. Estimula uns, provoca outros,
imobiliza alguns... Vêem-se as mais inesperadas reações. Somente o fato de
tirar as pessoas do lugar já justifica a sua utilização, uma vez que tem
ajudado na mudança de referências e de paradigmas. (Almeida e Júnior, 2000)
A idéia de utilizar a Informática a serviço de um
projeto educacional para o ensino da Matemática e demais disciplinas num contexto
interdisciplinar a partir das séries iniciais do Ensino
Fundamental, não é de agora, ela surgiu no ano de 2008 quando fiz parte
da equipe diretiva dessa Escola, pude dar início à informatização da mesma, com
a montagem da estrutura lógica e elétrica para a instalação de aproximadamente
10 computadores e uma impressora a laser, que foram disponibilizados pelo
Ministério da Educação.
Este foi o primeiro passo para que a partir daí se
pudesse ampliar esse projeto de informatização, mas as dificuldades de
encontrar alguém especializado e com disponibilidade para organizar, controlar
e ser “responsável” pelo laboratório impediram que a idéia fosse colocada em
prática.
Depois
de cinco anos, o Laboratório de Informática está disponível e com a estrutura
necessária para dar início a esse projeto, com uma coordenadora e dois
monitores para auxiliarem os trabalhos conjuntamente com o professor regente.
3) Objetivos:
Este projeto visa promover a interação entre a exploração da tecnologia
computacional e a ação pedagógica visando estimular os alunos a buscar novas
formas de pensar, de procurar e de selecionar informações, estabelecendo um
plano de trabalho flexível, identificando os recursos necessários para
implementar ações coerentes com um projeto interdisciplinar, na busca de um
clima de cooperação, de diálogo, de responsabilidade e de liberdade, que
contribua para a construção de conhecimentos e de valores que os estimulem a
atuar e a olhar o mundo além das paredes de sua escola, de sua cidade e de seu
País...
4) Proposições:
O projeto será desenvolvido
com os alunos das séries iniciais do Ensino Fundamental: Bloco Inicial de
Alfabetização, 4º ano e 5º ano da Escola Classe 26 de Ceilândia.
Para a realização
desse trabalho será necessário o uso do computador e seus recursos, bem como
softwares educativos e materiais didáticos que possam promover a construção do
conhecimento, com a colaboração de todos envolvidos no projeto: alunos,
professores, coordenadores, supervisão, direção da Escola e demais
colaboradores.
As atividades
serão desenvolvidas no laboratório de Informática da Escola, quinzenalmente, durante
uma hora, com início previsto para o mês de março e término ao final do ano
letivo, com propósito de continuar no ano seguinte.
O laboratório
conta com dez computadores em pleno funcionamento e com previsão de ampliação
para vinte e quatro, havendo a princípio, a disponibilidade de um computador
para cada grupo de dois ou três alunos, que contarão com o auxílio de um coordenador
do laboratório de informática, do professor regente da turma e a colaboração
das demais pessoas envolvidas no projeto.
Para o
desenvolvimento do trabalho será inicialmente proposto o conhecimento dos
recursos que a máquina oferece, de acordo com as necessidades que cada série de
ensino terá ao longo do projeto e envolverá todas as disciplinas, num ambiente
que promova ações para um trabalho contextualizado e interdisciplinar, podendo
obedecer a um tema proposto para um determinado período e que poderá envolver todos
os alunos da Escola, começando pelas séries iniciais, mais precisamente, com os
alunos do Bloco Inicial de Alfabetização da escola.
O projeto deve ser divulgado além da
sala de aula, deve ganhar um palco onde possa aparecer ser debatido,
socializado e fazer a história da Escola e da vida dos jovens que o produziram.
Essa divulgação deve ser planejada, envolta em
atividades que dêem visibilidade e aproveitamento pedagógico aos
produtos.
Algumas possibilidades de produtos resultantes do
projeto:
Ø Exposições de trabalhos: as exposições podem ser feitas em painéis com comentários. Elas podem ter inauguração, livro
de visitantes, apresentação dos expositores e também apresentações
culturais.
Ø Elaboração de abaixo-assinados: abaixo-assinados dirigidos aos políticos ou
autoridades locais para denunciar situações de injustiça ou pedir melhoria das
condições de saúde, habitação, transporte, cultura ou educação para o bairro,
cidade ou região. (alunos do 4º e 5º ano)
Ø Publicação de jornais: elaborar jornais – da classe, da série, ou da escola
– que tratem de temas relevantes para o grupo. Esses jornais podem ser um modo
de revelar talentos para a escrita, para a liderança, para a capacidade de
planejamento de alunos que não aparecem em situações convencionais de sala de
aula.
Ø Criação de livros: criação de livro com produção coletiva de textos,
reportagens, fotos: uma espécie de almanaque que lhes permita mostrar suas
múltiplas habilidades de escritores, de desenhistas, de fotógrafos, de
charadistas, de contadores de casos, de repórteres, de ilustradores, etc. Esses
livros podem ser lançados em noite de autógrafos, quando pais, amigos e comunidade
visitariam a escola para verem os produtos. (alunos do BIA)
Ø Produção de jogos: produção de jogos a partir dos temas trabalhados
pelo projeto. A produção de jogos exige habilidade e imaginação. Implica criar
as normas e expressá–las, estabelecer metas, criar o clima de motivação.
5) Considerações Finais:
É através da avaliação que o grupo se examina e tem oportunidade de
progredir; poderão ser levantadas perguntas
como:
Ø Os objetivos estão sendo alcançados?
Ø Cada membro desempenhou sua tarefa
satisfatoriamente?
Ø O planejamento foi eficiente?
Ø A que conclusão se chegou?
Ø O que precisa ser melhorado?
A avaliação deverá ocorrer durante todo o projeto e será amplamente
debatida por todos, que farão a avaliação do próprio desempenho e o do grupo:
alunos, professores, monitores e colaboradores. Durante o processo será feita
constantemente uma reflexão sobre os conhecimentos iniciais, novas descobertas,
estratégias empregadas, vivência do grupo e outros aspectos relevantes para
todos envolvidos no projeto.
“
Prosseguimos. Reinauguramos.
Abrimos olhos
gulosos a um sol
diferente que
nos acorda para
os
descobrimentos.
Esta é a
magia do tempo.”
Carlos Drummond de Andrade
Nenhum comentário:
Postar um comentário